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Lagartixa com aranha na boca

Publicado por Aléssio F.

no dia 17/01/2021

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Lagartixa morta com aranha na boca

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Descrição

Esta poderia ser mais uma cena relativamente comum de predação do mundo animal. De fato, a lagartixa de parede da espécie exótica Hemidactylus mabouia, conhecida popularmente como víbora em algumas regiões do Nordeste, são eximias caçadoras noturnas de uma grande variedade de artrópodes. Elas tem uma notável preferência por dípteros e aranhas [1]. Na verdade essas lagartixas são atraídas por qualquer coisa que se mexa na sua área de vida. Aí é que mora o perigo. Talvez algumas lagartixas não tenham tempo de saber o que vão colocar na boca...

Neste caso da foto, a lagartixa foi encontrada com uma aranha na boca. O detalhe é que ambas estavam mortas: a aranha provavelmente por ter sido esmagada pela mordida do seu predador e a lagartixa por ter sido envenenada pela aranha. Podemos ver no detalhe (passe o mouse sobre a foto para fazer aparecer a nota) que a lagartixa abocanha inicialmente a parte anterior da aranha. Assim, como mecanismo de defesa, a aranha ainda teve tempo de dar uma picada mortal na lingua do seu predador.

Em um artigo recentemente publicado na revista Phyllomedusa, pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas descreveram quatro casos idênticos ao presente registro. Os autores encontraramm lagartixas mortas penduradas de cabeça para baixo com as patas traseiras ainda presas ao substrato com aranhas mortas na boca, [2]. O veneno das aranhas, identificadas como pertencentes à espécie Ctenus rectipes, tem um efeito neurotóxico intenso nas lagartixas, já que aparentemente estas últimas morrem muito rapidamente, eternizando a posição em que capturaram a presa e em que morreram.

Qual a vantagem evolutiva para a lagartixa se arriscar a caçar uma presa que pode matá-la de forma quase instantânea? Algumas explicações são possíveis. Diante da competição por recursos, as lagartixas não tem muito tempo de selecionar suas presas ou até mesmo de planejar um melhor ataque para capturar uma aranha por trás para evitar sua picada. Dessa forma, ou vai ou racha, literalmente.

Outra explicação é que este fenômeno é um acidente que pode acontecer com espécies exóticas que ainda não estão bem adaptadas ao seu novo ambiente. Considerada como uma dessas espécies, Hemidactylus mabouia é originária do continente africano e foi introduzida a muito tempo na America do Sul [3]. O tempo de vida nos novos ambientes ainda não permitiu que a espécie se tornasse apta a explorar eficazmente os recursos potencialmente disponíveis, como grandes aranhas apetitosas que passeiam despreocupadamente em algumas paredes...

Registro realizado na APA Aldeia Beberibe, no dia 7 de janeiro de 2021.

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Observações

[1Bonfiglio, F., Balestrin, R. L., & Cappellari, L. H. (2006). Diet of Hemidactylus mabouia (Sauria, Gekkonidae) in urban area of southern Brazil. Biociências, 14(2), 107-111.

[2Correia, G. Q. C., Dubeux, M. J. M., do Nascimento, F. A. C., Torquato, S., & Mott, T. (2020). Envenomation records of Hemidactylus mabouia (Squamata: Gekkonidae) by Ctenus rectipes (Araneae: Ctenidae) in an urban area of northeastern Brazil. Phyllomedusa: Journal of Herpetology, 19(2), 273-277.

[3Rödder, D., Solé, M., & Böhme, W. (2008). Predicting the potential distributions of two alien invasive Housegeckos (Gekkonidae: Hemidactylus frenatus, Hemidactylus mabouia). North-Western Journal of Zoology, 4(2).

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