Pithecopus gonzagai é uma espécie de perereca relativamente comum que pode ser encontrada em arbustos ou plantas aquáticas nas margens de brejos e pequenas lagoas durante o período chuvoso no Nordeste do Brasil. Toda a parte superior do corpo e cabeça é verde. Contrastando com a cor verde, as partes anteriores e posteriores dos braços e das coxas são laranja com faixas pretas verticais bem delimitadas. O padrão destas manchas podem ser utilizados para identificação de indivíduos na natureza [1]. É uma eximia escaladora e caminha cuidadosa e vagarosamente pela folhagem e pequenos galhos da vegetação. Não possui o hábito de saltar como outras pererecas. Na época reprodutiva, as fêmeas colocam os ovos em folhas acima de corpos d’água parada (ambientes lênticos) e os girinos, quando eclodem, caem diretamente na água.
Dentre as 12 espécies de pererecas conhecidas do gênero, Pithecopus gonzagai talvez seja a espécie com a distribuição mais setentrional no Nordeste do Brasil, ocorrendo em toda a porção norte da Mata Atlântica, Agreste e Caatinga acima do Rio São Francisco. A espécie foi descrita em 2020 [2]. Através de analises de morfometria e bioacústica, foi possível distinguir uma nova espécie, a própria Pithecopus gonzagai, que antes era considerada como Pithecopus nordestinus. Com a descrição da nova espécie, a hipótese de que o Rio São Francisco age como uma barreira biogeográfica ganha força. Populações presentes nas margens norte e sul de um rio tão largo quanto o Rio São Francisco sofrem isolamento geográfico, processo que pode levar ao surgimento de novas espécies.
O nome Pithecopus gonzagai é uma homenagem ao Rei do Baião, Luiz Gonzaga.
Registro realizado na Serra dos Cavalos, brejo de altitude localizado na zona rural de Caruaru, Pernambuco, no dia 4 de junho de 2022.
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