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  1. Placozoa

Placozoa

Placozoa é um pequeno Filo de animais marinhos com apenas três espécies descritas em três gêneros diferentes. A primeira espécie a ser descrita, Trichoplax adhaerens, foi descoberta por acaso pelo zoólogo alemão Franz Eilhard Schulze, em 1883, na Austria. Foi uma das descobertas mais icônicas da zoologia. Imagina você encontrar uma nova espécie enquanto limpa um aquário! Schulze ficou intrigado com uma minúscula mancha de 1-3 milímetros grudada a uma das paredes de vidro do aquário e que parecia se deslocar muito lentamente, deixando um traço por onde tinha passado, como se estivesse limpando o substrato. Esse minúsculo animal ameboide achatado, sem pé nem cabeça, era tão diferente de tudo que se conhecia que, em 1971, Karl Gottlied Grell (outro pesquisador alemão) propôs que essa espécie merecia seu próprio e exclusivo Filo: Placozoa. Trichoplax adhaerens reinou sozinha no filo por mais de um século até a descoberta recente das outras duas espécies, Hoilungia hongkongensis (Eitel et al, 2018) e Polyplacotoma mediterranea (Osigus et, 2019).

Os placozoários podem ser caracterizados como pequenos animais de corpos achatados assimétricos em forma de disco com bordas irregulares, sem eixo antero-posterior, apresentando duas camadas epiteliais e seis tipos de células [1]. Entre as duas camadas epiteliais existem células fibrosas em uma cavidade fluida. Não possuem órgãos, sistema nervoso nem músculos e sua digestão é extracelular realizada pela camada epitelial inferior, que fica em contato com o substrato, com células colunares monociliadas e rica em células glandulares e lipofílicas. A reprodução é assexuada e realizada por fissão ou por brotamento de pequenas esferas livre nadantes, produzindo uma proliferação de clones. Evidências sugerem que os placozoários podem apresentar uma rara fase sexuada em seus ciclos de vida ocorrendo apenas sob condições ambientais específicas [2].

Devido a sua morfologia muito simples, o Filo Placozoa foi por muito tempo considerado o primeiro ramo divergente na filogenia de metazoários. Porém, estudos de filogenia molecular tem posicionado Placozoa mais adiante na árvore da vida dos animais, junto com os eumetazoários [3]. Trichoplax adhaerens apresenta uma grande complexidade genética, incluindo, por exemplo, um maquinário molecular básico para a comunicação e integração celular [4], como os neurotransmissores já presentes em ctenóforos e cnidários. Isto sugere que a extrema simplicidade de organização destes organismos tenha sido adquirida secundariamente de ancestrais um pouco mais complexos. A posição filogenética de Placozoa ainda permanece incerta. Frequentemente o grupo é encontrado em duas topologias diferentes na árvore da vida [5]. A primeira posiciona Placozoa formando um clado com Cnidaria. A outra, adotada pelo Portal de Zoologia, segue a proposta de Claus Nielsen, que posiciona Placozoa como grupo irmão do clado Cnidaria + Bilateria (Planulozoa).

Os placozoários podem ser encontrados globalmente em ambientes costeiros relativamente rasos. Seus habitats preferenciais são águas calmas com substratos firmes, como rochas, recifes de coral e raízes de manguezais. Em regiões temperadas e subtropicais do hemisfério Norte, os placozoários são encontrados em maior abundância em meses mais quentes, entre junho e outubro [6]. Encontrar placozoários na natureza pode ser difícil e normalmente os espécimes são capturados através da coleta e analise de substrato (rochas, conchas de moluscos, esqueletos de corais escleractíneos). Uma outra técnica é a utilização de uma série de lâminas de microscópios posicionadas em uma caixa com aberturas que faciliem o fluxo de água. Esta caixa é colocada em um substrato submerso apropriado para que ocorra o estabelecimento de um biofilme, microhabitat que pode ser posteriormente colonizado por placozoários [7].

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